Pescadores recolhem garrafas PET para protestar contra a poluição e o assoreamento dos rios e tentam, sem sucesso, falar com o governador
Pescadores artesanais do Grande Recife jogaram ontem de manhã suas redes na água, mas no lugar de peixes recolheram garrafas PET. Juntaram o lixo num imenso saco e levaram, de barco, até o Palácio do Campo das Princesas, no Centro da capital. A idéia era deixar os resíduos na frente da sede do governo estadual, em protesto contra a poluição e assoreamento dos rios, e falar com o governador do Estado, Eduardo Campos. Não conseguiram nem uma coisa, nem outra. Policiais militares devolveram a sujeira aos manifestantes e o governador estava em Brasília.
O cortejo arrastou mais de 70 barcos, entre motorizados e a remo. Os cerca de 300 pescadores, de acordo com estimativas da PM, pararam o trânsito por quatro vezes, nas cabeceiras da Ponte Princesa Isabel, no encontro com a Rua do Sol e com a Rua da Aurora. Mostravam faixas com frases em defesa do mangue, dos peixes, dos crustáceos e dos moluscos. “Os dejetos das fábricas e dos esgotos estão acabando com a vida da água. E nós estamos ficando ainda mais pobres e sem comida”, diz a pescadora Jasilma Amorim Müller, de Abreu e Lima, ao norte do Grande Recife.
A barqueata foi organizada com três meses de antecedência, por participantes do movimento social Caranguejo-uçá, que atua na Ilha de Deus, na Zona Sul do Recife. Junto com os pescadores de Brasília Teimosa, na mesma região, deixaram a ilha às 9h30. Duas horas depois chegaram ao Palácio, onde desembarcaram com a ajuda de três bombeiros marítimos. Os outros manifestantes eram da área central do Recife (Porto de Limoeiro) e do norte da Região Metropolitana (da Ilha do Maruim, em Olinda, e do Porto Jatobá, em Abreu e Lima), que se locomoveram de ônibus.
Além de saneamento básico, os pescadores pediram a dragagem dos Rios Capibaribe, Beberibe, Tejipió, Jordão, Jiquiá e Timbó. Jaime Francisco de Lima, 42 anos, conta que o acúmulo de sedimentos no leito do Beberibe, em Olinda, é tão grande que locais onde ele antes pescava hoje são usados como campo de futebol. “Ainda encontro alguma coisa quando vou para a maré, mas meus netos certamente não terão como tirar o sustento da pesca”, prevê.
Os impactos da poluição são medidos nas balanças das associações e colônias de pesca. “Trabalho sete horas seguidas na maré, inclusive de noite, para coletar camarão. Antes pegava de 80 a 100 quilos. Atualmente não consigo juntar mais de um quilo”, diz Veridiano Gomes dos Ramos, do Porto Jatobá.
Fonte: http://jc.uol.com.br/jornal/2007/08/21/not_245729.php => Apenas para assinante!
Pescadores artesanais do Grande Recife jogaram ontem de manhã suas redes na água, mas no lugar de peixes recolheram garrafas PET. Juntaram o lixo num imenso saco e levaram, de barco, até o Palácio do Campo das Princesas, no Centro da capital. A idéia era deixar os resíduos na frente da sede do governo estadual, em protesto contra a poluição e assoreamento dos rios, e falar com o governador do Estado, Eduardo Campos. Não conseguiram nem uma coisa, nem outra. Policiais militares devolveram a sujeira aos manifestantes e o governador estava em Brasília.
O cortejo arrastou mais de 70 barcos, entre motorizados e a remo. Os cerca de 300 pescadores, de acordo com estimativas da PM, pararam o trânsito por quatro vezes, nas cabeceiras da Ponte Princesa Isabel, no encontro com a Rua do Sol e com a Rua da Aurora. Mostravam faixas com frases em defesa do mangue, dos peixes, dos crustáceos e dos moluscos. “Os dejetos das fábricas e dos esgotos estão acabando com a vida da água. E nós estamos ficando ainda mais pobres e sem comida”, diz a pescadora Jasilma Amorim Müller, de Abreu e Lima, ao norte do Grande Recife.
A barqueata foi organizada com três meses de antecedência, por participantes do movimento social Caranguejo-uçá, que atua na Ilha de Deus, na Zona Sul do Recife. Junto com os pescadores de Brasília Teimosa, na mesma região, deixaram a ilha às 9h30. Duas horas depois chegaram ao Palácio, onde desembarcaram com a ajuda de três bombeiros marítimos. Os outros manifestantes eram da área central do Recife (Porto de Limoeiro) e do norte da Região Metropolitana (da Ilha do Maruim, em Olinda, e do Porto Jatobá, em Abreu e Lima), que se locomoveram de ônibus.
Além de saneamento básico, os pescadores pediram a dragagem dos Rios Capibaribe, Beberibe, Tejipió, Jordão, Jiquiá e Timbó. Jaime Francisco de Lima, 42 anos, conta que o acúmulo de sedimentos no leito do Beberibe, em Olinda, é tão grande que locais onde ele antes pescava hoje são usados como campo de futebol. “Ainda encontro alguma coisa quando vou para a maré, mas meus netos certamente não terão como tirar o sustento da pesca”, prevê.
Os impactos da poluição são medidos nas balanças das associações e colônias de pesca. “Trabalho sete horas seguidas na maré, inclusive de noite, para coletar camarão. Antes pegava de 80 a 100 quilos. Atualmente não consigo juntar mais de um quilo”, diz Veridiano Gomes dos Ramos, do Porto Jatobá.
Fonte: http://jc.uol.com.br/jornal/2007/08/21/not_245729.php => Apenas para assinante!






