http://jc.uol.com.br/jornal/2006/12/31/not_214600.php
Publicado em 31.12.2006
Pesquisadores da UFPE investigaram áreas de recifes costeiros, no Nordeste, e observaram que algumas espécies se alimentam de tudo o que encontram, podendo ter desnutrição ou sobrepeso
VERÔNICA FALCÃO
Alimentar peixes em recifes de coral pode favorecer espécies oportunistas, alertam pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Um exemplo é o saberé, com até oito centímetros, que habita recifes costeiros e come tudo que encontra pela frente. Nas Galés de Maragogi (AL), ele constitui maioria entre as 51 espécies existentes no local freqüentado por turistas que jogam ração no mar, a partir de catamarãs.
A autora da pesquisa, a engenheira de pesca Caroline Feitosa, acredita que cardumes de saberés migram para as áreas freqüentadas pelo catamarã em busca do alimento. Onívoros, os saberés se alimentam de praticamente tudo o que estiver disponível no mar. “Há registros até da ingestão de fezes e vômito de golfinhos”, diz.
Além de tornar o saberé mais abundante, a ração fornecida pode ser prejudicial aos peixes. “Tem excesso de carboidrato, o que pode deixar os animais com sobrepeso.” Ela supõe que o alimento artificial também causa desnutrição. “O peixe tem a sensação de estar saciado, mas não está nutrido porque a ração não tem os mesmos componentes que o alimento encontrado na natureza.”
A atividade turística pode alterar também o comportamento dos peixes. “Oferecer ração faz com que se adaptem ao alimento fácil, desaprendendo a forragear, ou seja, procurar alimento no mar”, afirma a pesquisadora, aluna de doutorado em oceanografia na UFPE. “Além disso, pessoas que dão alimento podem ser atacadas por barracudas ou moréias”, adverte.
Outra área estudada foram os Parrachos de Maracajaú (RN), com 67 espécies. Ao contrário das Galés de Maragogi, lá não se dá ração, mas iscas naturais (peixes, lulas e camarões) e os turistas são levados para plataformas flutuantes. Neste caso, quem se beneficia, tornando-se mais abundante, é a xira-branca. No local, Caroline Feitosa avaliou a população de cada espécie antes, durante e depois da alimentação artificial e verificou que a xira-branca é a mais abundante em todas as etapas.
A pesquisadora recomenda a proibição da alimentação artificial dos peixes. “É preciso instalar poitas, evitando a ancoragem das lanchas nos recifes. Além disso, é necessário fiscalizar as atividades realizadas nos recifes. Fechar uma área do determinado recife por tempo determinado, evitando a pesca e qualquer atividade turística, também é recomendável.”
Publicado em 31.12.2006
Pesquisadores da UFPE investigaram áreas de recifes costeiros, no Nordeste, e observaram que algumas espécies se alimentam de tudo o que encontram, podendo ter desnutrição ou sobrepeso
VERÔNICA FALCÃO
Alimentar peixes em recifes de coral pode favorecer espécies oportunistas, alertam pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Um exemplo é o saberé, com até oito centímetros, que habita recifes costeiros e come tudo que encontra pela frente. Nas Galés de Maragogi (AL), ele constitui maioria entre as 51 espécies existentes no local freqüentado por turistas que jogam ração no mar, a partir de catamarãs.
A autora da pesquisa, a engenheira de pesca Caroline Feitosa, acredita que cardumes de saberés migram para as áreas freqüentadas pelo catamarã em busca do alimento. Onívoros, os saberés se alimentam de praticamente tudo o que estiver disponível no mar. “Há registros até da ingestão de fezes e vômito de golfinhos”, diz.
Além de tornar o saberé mais abundante, a ração fornecida pode ser prejudicial aos peixes. “Tem excesso de carboidrato, o que pode deixar os animais com sobrepeso.” Ela supõe que o alimento artificial também causa desnutrição. “O peixe tem a sensação de estar saciado, mas não está nutrido porque a ração não tem os mesmos componentes que o alimento encontrado na natureza.”
A atividade turística pode alterar também o comportamento dos peixes. “Oferecer ração faz com que se adaptem ao alimento fácil, desaprendendo a forragear, ou seja, procurar alimento no mar”, afirma a pesquisadora, aluna de doutorado em oceanografia na UFPE. “Além disso, pessoas que dão alimento podem ser atacadas por barracudas ou moréias”, adverte.
Outra área estudada foram os Parrachos de Maracajaú (RN), com 67 espécies. Ao contrário das Galés de Maragogi, lá não se dá ração, mas iscas naturais (peixes, lulas e camarões) e os turistas são levados para plataformas flutuantes. Neste caso, quem se beneficia, tornando-se mais abundante, é a xira-branca. No local, Caroline Feitosa avaliou a população de cada espécie antes, durante e depois da alimentação artificial e verificou que a xira-branca é a mais abundante em todas as etapas.
A pesquisadora recomenda a proibição da alimentação artificial dos peixes. “É preciso instalar poitas, evitando a ancoragem das lanchas nos recifes. Além disso, é necessário fiscalizar as atividades realizadas nos recifes. Fechar uma área do determinado recife por tempo determinado, evitando a pesca e qualquer atividade turística, também é recomendável.”



