Na acepção da palavra pescaria não vicia!
O que vicia é a adrenalina decorrente das situações advindas da pescaria esportiva. Esse hormônio que percorre nossa corrente sanguínea até o cérebro faz o organismo ficar dependente. Isso começa na véspera na arrumação da tralha e culmina com aquele peixe nas mãos ou no boga grip na hora das fotos. Ou ainda com a perda daquele "grandão" que provoca comentários dos detalhes da briga por horas a fio. As mãos ficam trêmulas e corre aquele frio na espinha e na barriga. A pescaria esportiva é um esporte radical como tantos outros. Corremos riscos calculados, contudo, temos a possibilidade de não dependermos muito da concentração e podemos relaxar com a contemplação da natureza, o nascer e por do sol, a fauna, a flora, o convívio solidário dos amigos, as viagens.
É essencial que tenhamos controle sobre essa interatividade com o esporte para não se tornar uma prática obsessiva. A expectativa de uma pescaria deve ser algo que nos deixe ansiosos e nos encha de ânimo sim, nos dias que a antecedem. A obsessão pela pescarias (e não só por elas), em geral, nos causa problemas que não reconhecemos até que passem a complicar nosso comportamento, entre eles o consumo compulsivo de equipamentos, materiais de pesca, apetrechos de uso pessoal mesmo que sem nenhum uso útil ou necessidade. Somos atraídos pelas nossas “joinhas” tanto quanto nossas mulheres frente a uma vitrine de uma joalheria. Acabamos com coleções de iscas, carretilhas e varas de tecnologia de ponta sem quase nenhum custo benefício. Problemático ainda é o relacionamento familiar. Muito não tem a sorte de outros, que podem interagir esposas, filhos, namoradas, noivas e acabam por terem um relacionamento de incompatibilidade.
Somos viciados sim, mas em adrenalina. Temos que saber lidar com limite tênue entrea paixão e a obsessão pelas pescarias. E controlar a coação de marketing no consumo.
E viva a adrenalina!