Tribuna da Bahia - 26/03/2007
Pelo menos nove localidades, entre cinco municípios, já sofrem com as conseqüências do maior desastre ecológico que vem afetando a Baía de Todos os Santos desde o início deste mês. A contaminação química, de origem ainda não determinada, provocou a morte de mais de 50 toneladas de peixes e mariscos e crustáceos pelo litoral do Recôncavo baiano e, conforme ambientalistas, os números não param de crescer. A situação, considerada de emergência em algumas regiões, além de afetar o ecossistema causa danos sociais, com a paralisação das atividades de milhares de pescadores. As populações já passam fome, privadas do seu alimento natural, o peixe. De acordo com o Centro de Recursos Ambientais (CRA) um laudo, aguardado para os próximos 13 dias, deverá apresentar as causas do problema. De acordo com a diretora-geral do órgão, Beth Wagner, a contaminação pode ser química ou orgânica. O primeiro caso, explicou ela, é a contaminação proveniente de indústriais e o segundo seria provocado pela proliferação de algas e conseqüente liberação de substâncias nocivas a vida marinha, o fenômeno é conhecido como “maré vermelha”.
Por conta do desastre ecológico, moradores das regiões afetadas estão proibidos de consumirem produtos oriundos do mar e, apara minimizar os prejuízos, o CRA buscou, no último final de semana, auxílio junto a empresas, como Coelba, Embasa e Telemar. A intenção, conforme o órgão, é solicitar a isenção do pagamento de contas das comunidades que vivem da pesca até que a situação seja normalizada. Alguns pescadores lamentaram quanto ao fornecimento apenas de cestas básicas, eles questionavam como pagariam as contas.
Na próxima quinta-feira, uma reunião com representantes da Petrobras e da Dow Química deverá resultar em mais ajuda para moradores de Salinas das Margaridas, Saubara e Bom Jesus dos Pobres, municípios atingidos pela contaminação. São Francisco do Conde e Santo Amaro são outros municípios que já sofrem com a situação.
O problema, classificado pela diretora do CRA como a “a maior tragédia ambiental da Baía de Todos os Santos”, está sendo analisado por laboratórios da Bahia e de São Paulo. Amostras de água do mar e animais marítimos foram enviados para o Instituto de Biologia da Ufba, para o laboratório Senai/Cetind, de Lauro de Freitas e laboratórios em São Paulo.
Espécies, como carapebas, xangós e xaréus, chegaram a praia de Cabuçu, distrito de Saubara, mortos arrastados pela maré alta. Nas primeiras análises nas vísceras dos animais mortos, foram encontrados resíduos de pesticidas, como BHC – proibido mundialmente por ser considerado carcinogênicos (que levam ao câncer), porém, explicou o coordenador de avaliação ambiental do CRA, Wilson Rossi, as concentrações observadas não explicam a quantidade de peixes mortos.
Conforme o diretor de fiscalização do CRA, Ronaldo Martins, todas as indústrias do entorno da Baía de Todos os Santos foram inspecionadas e nenhum vazamento foi encontrado. A informação, porém, não significa que a hipótese de contaminação química esteja descartada. O CRA continua monitorando o funcionamento das indústrias.
Na última sexta-feira, um ofício enviado pelo prefeito de Santo Amaro, João Roberto Melo, informou a decretação de situação de emergência no município diante do desastre ambiental. De acordo com o CRA, equipes estão de plantão monitorando a tragédia e, em nota, o órgão destacou a importância de que as entidades se organizem e encaminhem suas propostas aos órgãos competentes, “porque todos têm que mensurar o sofrimento dos que vivem da pesca e estão impossibilitados de exercer suas atividades”.
Para a ambientalista Telma Lobão, que trabalha de modo independente pelo litoral do Recôncavo baiano, não existe outra possibilidade para a contaminação que a de vazamento de gás natural. Segundo ela, “os peixes podiam ser vistos pulando da água, como se buscassem ar na superfície. Eles morreram asfixiados”, opinou. Lobão descarta a idéia de “maré vermelha” pela ausência de algumas características comuns ao desequilíbrio.
“O que ocorre em casos de proliferação de algas marinhas é um forte fedor de melancia proveniente do mar e reações aos seres humanos, como mucosa no nariz e ardor nos olhos e na boca.
Em casos mais críticos, pode ocorrer até mesmo vômitos e desmaios e isso não acontece nas regiões atingidas”, contestou.
(Por Lorena Costa)
Pelo menos nove localidades, entre cinco municípios, já sofrem com as conseqüências do maior desastre ecológico que vem afetando a Baía de Todos os Santos desde o início deste mês. A contaminação química, de origem ainda não determinada, provocou a morte de mais de 50 toneladas de peixes e mariscos e crustáceos pelo litoral do Recôncavo baiano e, conforme ambientalistas, os números não param de crescer. A situação, considerada de emergência em algumas regiões, além de afetar o ecossistema causa danos sociais, com a paralisação das atividades de milhares de pescadores. As populações já passam fome, privadas do seu alimento natural, o peixe. De acordo com o Centro de Recursos Ambientais (CRA) um laudo, aguardado para os próximos 13 dias, deverá apresentar as causas do problema. De acordo com a diretora-geral do órgão, Beth Wagner, a contaminação pode ser química ou orgânica. O primeiro caso, explicou ela, é a contaminação proveniente de indústriais e o segundo seria provocado pela proliferação de algas e conseqüente liberação de substâncias nocivas a vida marinha, o fenômeno é conhecido como “maré vermelha”.
Por conta do desastre ecológico, moradores das regiões afetadas estão proibidos de consumirem produtos oriundos do mar e, apara minimizar os prejuízos, o CRA buscou, no último final de semana, auxílio junto a empresas, como Coelba, Embasa e Telemar. A intenção, conforme o órgão, é solicitar a isenção do pagamento de contas das comunidades que vivem da pesca até que a situação seja normalizada. Alguns pescadores lamentaram quanto ao fornecimento apenas de cestas básicas, eles questionavam como pagariam as contas.
Na próxima quinta-feira, uma reunião com representantes da Petrobras e da Dow Química deverá resultar em mais ajuda para moradores de Salinas das Margaridas, Saubara e Bom Jesus dos Pobres, municípios atingidos pela contaminação. São Francisco do Conde e Santo Amaro são outros municípios que já sofrem com a situação.
O problema, classificado pela diretora do CRA como a “a maior tragédia ambiental da Baía de Todos os Santos”, está sendo analisado por laboratórios da Bahia e de São Paulo. Amostras de água do mar e animais marítimos foram enviados para o Instituto de Biologia da Ufba, para o laboratório Senai/Cetind, de Lauro de Freitas e laboratórios em São Paulo.
Espécies, como carapebas, xangós e xaréus, chegaram a praia de Cabuçu, distrito de Saubara, mortos arrastados pela maré alta. Nas primeiras análises nas vísceras dos animais mortos, foram encontrados resíduos de pesticidas, como BHC – proibido mundialmente por ser considerado carcinogênicos (que levam ao câncer), porém, explicou o coordenador de avaliação ambiental do CRA, Wilson Rossi, as concentrações observadas não explicam a quantidade de peixes mortos.
Conforme o diretor de fiscalização do CRA, Ronaldo Martins, todas as indústrias do entorno da Baía de Todos os Santos foram inspecionadas e nenhum vazamento foi encontrado. A informação, porém, não significa que a hipótese de contaminação química esteja descartada. O CRA continua monitorando o funcionamento das indústrias.
Na última sexta-feira, um ofício enviado pelo prefeito de Santo Amaro, João Roberto Melo, informou a decretação de situação de emergência no município diante do desastre ambiental. De acordo com o CRA, equipes estão de plantão monitorando a tragédia e, em nota, o órgão destacou a importância de que as entidades se organizem e encaminhem suas propostas aos órgãos competentes, “porque todos têm que mensurar o sofrimento dos que vivem da pesca e estão impossibilitados de exercer suas atividades”.
Para a ambientalista Telma Lobão, que trabalha de modo independente pelo litoral do Recôncavo baiano, não existe outra possibilidade para a contaminação que a de vazamento de gás natural. Segundo ela, “os peixes podiam ser vistos pulando da água, como se buscassem ar na superfície. Eles morreram asfixiados”, opinou. Lobão descarta a idéia de “maré vermelha” pela ausência de algumas características comuns ao desequilíbrio.
“O que ocorre em casos de proliferação de algas marinhas é um forte fedor de melancia proveniente do mar e reações aos seres humanos, como mucosa no nariz e ardor nos olhos e na boca.
Em casos mais críticos, pode ocorrer até mesmo vômitos e desmaios e isso não acontece nas regiões atingidas”, contestou.
(Por Lorena Costa)






