A pescaria de robalos em mangues é uma das mais gratificantes. Em compensação, é uma das mais difíceis, porque você tem que conhecer muito bem o rio, seus pontos e melhores marés. Um neófito pode bater um dia inteiro atrás do peixe, não ter nenhuma ação e ficar convencido de que lá não há robalos. Por outro lado, um conhecedor pode realizar uma pescaria de sucesso em apenas uma hora, bastando conhecer a combinação pontos/marés. É claro que nunca é uma pescaria garantida, isso não existe, mas de modo geral o conhecimento aproxima muito o pescador do sucesso.
Após dois dias o Blatt ter feito uma boa pescaria em Cunhaú, fomos eu, Miudinho e Auricélio com a certeza que iríamos detonar, afinal a tábua de marés profetizava isso, seria muito melhor, sem dúvida. Ledo engano, afinal muita água tem que rolar até sabermos conjugar os horários das marés com as características e peculiaridades do rio, qual o comportamento da maré nos pontos acima, qual a altura que o rio invade o mangue, se é melhor na enchente ou na vazante, e por aí vai.
Com certeza mais de um ano se passará nesse processo, mas isso faz parte para se tornar um bom guia (o Auricélio), afinal temos que saber o comportamento do peixe nas quatro estações do ano, no nosso caso no nordeste apenas inverno e verão. Mas essa é uma ótima desculpa para irmos pescar, não é verdade?
Pois bem, apesar dos desencontros, foi gratificante. Subimos até começar a mudar as características de rio, de mangue para mata atlântica, com barrancos de capim e árvores altas, local bastante bonito. Nesse ponto o rio se estreita, e foi lá onde abria formando uma pequena baía, que o Aricélio viu o “monstro da lagoa negra”, um formidável tarpon em evoluções que o deixou gago por uns bons minutos. Pincha aqui, pincha acolá, e nem sinal do velhaco. Não é à toa que chegou a esse tamanho...
Bem, resumindo nossa conversa, pois senão a história vai longe, conhecemos novos pontos, descobertos pelo Auricélio e pelo Blatt, que realmente é um berçário de baby tarpons. Apesar das poucas ações cheguei a sentir a boca dura de um deles e o Auriça perdeu outro. Vale a pena uma pescaria por aquelas bandas, sem dúvida. Só não se esqueçam de levar um bom repelente ou calças e camisas de manga comprida, pois a mutucas reinam por lá.
Abaixo algumas fotos dessa última incursão...
Até um bagre entrou de intrometido...
Por enquanto é só, pessoal. Continuo aguardando as fotos do Blatt que estão em poder do mosqueiro Katiton, El Tratante...